FHC orienta terceirizar oposição com Justiça, mídia e protestos
FHC fez, recentemente (10), mais uma de suas
palestras remuneradas. Embora fosse um evento sobre comércio eletrônico (O Vtex
Day 2015) , alguém deu uma forcinha para patrocinar o oposicionismo do
ex-presidente. A palestra que o dinheiro pode comprar foi dada em evento
patrocinado por gigantes como o grupo Mercado Livre (bem apropriado, não?),
Mastercard e Walmart.
Por Antonio Lassance*, na Carta Maior
A imprensa amiga de FHC, toda ela, omitiu o
evento e apenas reproduziu a frase que parece ter sido tirada de um mesmo
release. Veja,
Estadão, O Globo, Folha, os
Diários Associados e tantos outros candidamente "informaram" que FHC
fez "palestra para empresários e trabalhadores do setor de tecnologia".
Será
mesmo que algum trabalhador desse setor desembolsou R$ 850,00 para obter um dos
ingressos VIP que davam acesso ao seleto grupo que ouviu FHC? Improvável.
A
manchete quase unânime extraída de sua fala, que também parece copiada e colada
do mesmo release, é a de que, para o ex-presidente, "Dilma perdeu
capacidade de liderança e entregou o governo", pois deu a chave do cofre
do governo a Joaquim Levy e a coordenação política a Michel Temer.
O homem
que esqueceu-se do que escreveu parece ter se esquecido de como governou. FHC
entregou a economia a Pedro Malan, que agia como czar da economia como nunca se
viu desde a ditadura militar. E entregou o Banco Central a um funcionário de
George Soros.
O
ex-presidente também se notabilizou pela entrega dos ministérios ao rateio dos
partidos, de forma tão desbragada que popularizou a expressão 'porteira
fechada' - ou seja, você entrega a chave do ministério a um partido que nomeia
e faz o que bem entender, sem ser incomodado pelo presidente da República.
A
imprensa amiga, para variar, deixou escapar o essencial da fala de FHC: sua
recomendação de que a oposição a Dilma deve ser terceirizada.
Nem PSDB,
muito menos DEM. As armas da oposição são seus homens na Justiça, sua mídia de
bico amarelo e os protestos convocados pela direita raivosa.
Verbis
para o ex-presidente: “Neste momento, a saída [quanto ao governo Dilma]
passa pelos protestos de rua, pela Justiça funcionar e a mídia dizer o que está
acontecendo.”
Fosse
alguém da esquerda pronunciando a frase, seria acusado de produzir teoria da
conspiração, pois todos os juízes do país são tão neutros quanto um sabão em
pó; tão isentos quanto a mídia cartelizada; tão apartidários quanto os
protestos que atraem Bolsonaro (que continua firme e forte no incorruptível
Partido Progressista), Paulinho da Força e Agripino Maia.
Com uma
oposição terceirizada, Aécio Neves pode continuar convocando gente para ir às
ruas enquanto fica apenas acenando da janela de seu apartamento na Vieira
Souto, desfrutando seu domingo.
*Antonio Lassance é cientista
político.
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