Wevergton Brito: A prisão de Vaccari e a estratégia da oposição
A escolha de Michel Temer como coordenador
institucional do governo foi um dos fatos positivos dos últimos dias. Outro foi
o encolhimento dos protestos, mesmo com toda a convocação midiática e apesar da
pesquisa Datafolha, não por acaso divulgada na véspera do dia 12.
Junto a
isso, a Petrobras tem visto suas ações subirem no mercado. A presidenta Dilma
já havia adotado uma postura mais ativa, enfrentando os principais temas da
pauta política em diversos eventos públicos. E nesta quarta-feira (15) uma significativa
mobilização das centrais sindicais contra o projeto da terceirização, que
tirava a presidenta do foco de notícias negativas, seria necessariamente o
principal assunto. Agora, com a prisão de Vaccari, a mídia monopolista privada,
a verdadeira condutora da oposição no Brasil, volta a instrumentalizar este
fato novo nos marcos da Operação Lava Jato.
Coincidências convenientes
Na
segunda-feira (13), notava-se um tom mais exaltado do que o natural, nas
matérias e nas manjadas “colunas de opinião”. Sempre procurando manter acesa a
chama da crise política. Neste dia, um colunista, Ricardo Noblat, chegou ao
ponto de “revelar” que Dilma havia jogado cabides de roupa em uma camareira e,
portanto, “não merecia ser amada” em uma das mais patéticas forçadas de barra
do jornalismo pátrio. Também na segunda, a Folha de S. Paulo trouxe uma matéria em que acusa a CGU
de crime de prevaricação visando favorecer a campanha da Dilma.
Nada
disso, no entanto, era suficientemente impactante. Até que surgiu, convenientemente,
a prisão do secretário de Finanças do PT, João Vaccari Neto. Vaccari já havia
sido conduzido coercitivamente para depor no dia 5 de fevereiro, na véspera do
aniversário do PT, outra coincidência conveniente. As manifestações contra a
terceirização rapidamente entraram em um segundo plano na pauta política. O
senador do DEM de Goiás, Ronaldo Caiado, sobre quem o antigo aliado Demóstenes
Torres diz que “rouba, mente e traí”, pede a cassação do registro do PT.
Agripino Maia, que responde a processo por corrupção, diz que o “PT foi preso”.
Merval Pereira afirma, sem nenhuma base concreta, que a Operação Lava Jato
“está cada vez mais perto de Dilma” e outros “isentos” comentaristas do porte
de Merval afiançam que “é inevitável que a operação chegue a Dilma”.
O PT reage
Em
notícia publicada no site do PT, afirma-se: "Em depoimento à Comissão
Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, no dia 9 de março, Vaccari
apresentou dados que comprovam a legalidade das doações para o PT. Ele também
apresentou dados que comprovam que partidos como PMDB, PSDB e PSB receberam de
empresas que estão sob investigação na Operação Lava Jato. No entanto, nenhum
deles está sob investigações como à que o PT está submetido". O líder do
PT na Câmara, Sibá Machado, afirma que a prisão de Vaccari foi uma “operação
política”.
Não se
pode ter dúvidas de que a prisão de Vaccari caí como uma luva nos planos da
oposição e ocorre justamente no momento em que a oposição midiática e
parlamentar necessitava de um novo fôlego na sua cruzada golpista. A história
já cansou de mostrar que, na política, coincidências convenientes raramente
acontecem. E quando acontecem, não são por coincidência.
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