Obama retira Cuba da lista de países que apoiam o terrorismo
Em mais um passo na direção da normalização das
relações diplomáticas entre Cuba e EUA, o presidente Barack Obama anunciou
nesta terça-feira (14) a retirada de Cuba da relação de países que apoiam e
financiam o terrorismo. Uma relação onde "Cuba jamais deveria ter
estado", conforme afirmou o presidente Raúl Castro.
O presidente estadunidense enviou nesta
terça-feira (14) ao Congresso um informe com as certificações exigidas que
indicam a intenção de cancelar a designação de Cuba como SSOT, sigla em inglês
que significa “Estado Patrocinador do Terrorismo”.
O
Congresso americano, dominado por republicanos, agora terá 45 dias para
referendar a retirada de Cuba da lista, sem poder no entanto confrontar a
decisão presidencial, a não ser com a aprovação de uma nova legislação, o que a
Casa Branca considera pouco provável.
O documento (fac-símile ao lado) expressa que o
Governo de Cuba “não tem oferecido nenhum apoio ao terrorismo internacional”
durante os seis meses precedentes. De igual maneira o texto afirma que Cuba
“tem oferecido garantias de que não apoiará o terrorismo internacional no
futuro”.
A
retirada da lista de países patrocinadores do terrorismo foi uma insistente
exigência cubana para que as negociações sobre a normalização das relações
diplomáticas avancem.
Na
recente 7ª Cúpula das Américas, Obama já havia sinalizado com a retirada do
nome de Cuba da lista, o que mereceu do presidente Raúl Castro um registro em
seu discurso: “Aprecio como um passo positivo sua recente declaração de que
decidirá rapidamente sobre a presença de Cuba em uma lista de países
patrocinadores do terrorismo, lista em que Cuba nunca devia ter estado e que
foi imposta pelo governo do presidente Reagan”.
A menção
a Reagan no discurso do presidente cubano não foi gratuita. Após a queda do
campo socialista, Reagan liderou uma feroz campanha que endureceu o bloqueio
contra a ilha, aumentou em muito o financiamento a mercenários, traidores e
sabotadores, visando obrigar o povo cubano à rendição. Segundo a profecia dos
imperialistas, repercutida disciplinadamente pela mídia brasileira, a queda do
regime socialista seria iminente. Passados mais de 25 anos da queda do muro,
Cuba não se rendeu, superou os momentos mais difíceis e agora vem acumulando
uma série de importantes conquistas diplomáticas.
Duas
outras reivindicações principais têm os cubanos, a devolução de Guantánamo,
território de Cuba ocupado pelos EUA e o levantamento total do bloqueio
econômico, financeiro e comercial.
Na 7ª
Cúpula, no discurso já mencionado, Raúl Castro elogiou Obama: “O presidente
Obama é um homem honesto. Admiro sua origem humilde, e penso que sua forma de
ser obedece a esta origem humilde”. Disse ainda que o atual presidente não tem
culpa dos erros que os antecessores cometeram contra a ilha, e destacou que
“temos expressado – e reitero agora – ao presidente Barack Obama, nossa
disposição ao diálogo respeitoso e à convivência civilizada entre ambos os
Estados dentro de nossas profundas diferenças”, reiterando que “Cuba seguirá
defendendo as ideias pelas quais nosso povo tem assumido os maiores sacrifícios
e riscos”.
É nítida
a vitória da resistência cubana, que obrigou o seu principal e mais poderoso
adversário a adotar novas táticas, na tentativa de reconstruir sua influência
sobre a América Latina e o Caribe.
Da redação com jornal Granma
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