Safatle: Terceirização é ‘inferno medieval da espoliação no trabalho’
“Foi
a pior derrota dos trabalhadores brasileiros desde o golpe de 64.” Essa frase
do sociólogo Ruy Braga descreve muito bem o que significou a aprovação do
projeto que facilita a terceirização e a subcontratação do trabalho (lei
4.330), na semana passada, pela Câmara dos Deputados.
Ele visa fragilizar os vínculos trabalhistas, criando uma
situação de precarização na qual, em um futuro próximo, não haverá mais
empregos, apenas funcionários flexíveis alocados temporariamente em empresas
por período incerto.
As escolas não terão mais professores contratados e com o
mínimo de estabilidade para planejar seu futuro, apenas “pessoas jurídicas” que
prestarão serviços para outras pessoas jurídicas, podendo ser trocadas sem
dificuldades. O mesmo em empresas e hospitais.
Não por acaso, logo ficamos sabendo que salários de
funcionários terceirizados tendem a ser 24% menor do que salários de empregados
formais. Terceirizados trabalham, em média, três horas a mais do que empregados
formais. Ou seja, vemos se abrir um cenário de intensificação brutal do
trabalho e achatamento de salários.
Vendem-se as imagens de um paraíso neoliberal de
flexibilização, mas o que se entrega é o inferno medieval da espoliação no trabalho.
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