Combate à tortura fortalece democracia, afirma ministra
Entre as atribuições do colegiado estão prevista visitas, sem aviso prévio, de qualquer espaço de privação de liberdade, a fim de apurar violações.
Ao empossar os peritos que irão compor o
Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura, a ministra Ideli Salvatti,
da Secretaria de Direitos Humanos (SDH), disse que o governo federal está
atento à agenda de retrocesso democrático no país. De acordo com a ministra, a
instalação do Mecanismo representa o compromisso da presidenta Dilma Rousseff
com o combate e erradicação da tortura no Brasil.
As declarações foram feitas durante cerimônia
realizada na sede da Secretaria nesta segunda-feira (23), onde foram empossados
nove dos 11 peritos que integram o colegiado.
"As
manifestações são democráticas, mas pedir a volta da ditadura e o golpe militar
não. Isso é indiscutivelmente um afronto à democracia. Significaria rasgarmos o
Estado de Direito, que está em pleno funcionamento no país, que é composto
pelos poderes executivo, judiciário e legislativo. Essa é uma preocupação que
todos nós devemos ter, porque sabemos exatamente como isso começa e como
termina. Já vivenciamos isso no passado", afirmou Ideli Salvatti,
referindo-se aos 21 anos de ditadura militar no país.
A
ministra explicou que o Mecanismo integra o Sistema Nacional de Prevenção e
Combate à Tortura (SNPCT), do qual faz parte também o Comitê Nacional de
Prevenção e Combate à Tortura, composto por 23 pessoas, entre representantes do
governo e da sociedade civil organizada.
"Com
mais esta iniciativa, demonstramos o quanto o Brasil tem se empenhado no
enfrentamento à tortura, que é uma pauta muito importante para o fortalecimento
da democracia", disse a ministra.
Atualmente,
segundo Ideli, 110 países, incluindo o Brasil, ratificaram o Protocolo
Facultativo à Convenção contra a Tortura das Nações Unidas de 1984, sendo que
deste total, 80 já tomaram alguma medida efetiva de combate à tortura.
Experiência comprovada
"Todas
as pessoas que foram selecionadas possuem, além do conhecimento teórico, algum
tipo de experiência comprovada de acompanhamento das situações alvo de atuação
do Mecanismo, como fiscalização e acompanhamento de denúncias de violação de
direitos humanos e tortura em presídios, sistema socioeducativo, hospitais
psiquiátricos e asilos", explicou a Ministra.
Entre as
atribuições do colegiado estão prevista visitas, sem aviso prévio, de qualquer
espaço de privação de liberdade, como presídios, penitenciárias, delegacias,
casas de custódia, instituições socioeducativas, hospitais psiquiátricos e
asilos, a fim de apurar violações.
Quando
constatadas violações, os peritos irão elaborar relatórios com recomendações
aos diretores dessas instituições, que terão um prazo determinado para adotar
as devidas providências. De com a Lei que cria o Mecanismo, os peritos poderão
solicitar, se necessário, o acompanhamento das forças de segurança pública
federal para dar suporte ao trabalho de fiscalização.
Nos
próximos dias, os peritos deverão realizar a primeira reunião de trabalho para
dar início à elaboração e aprovação do Regimento Interno, que deverá ocorrer em
até 60 dias. Também será elaborado um planejamento estratégico bienal que
conterá os objetivos e o levantamento das instituições de privação de liberdade.
Comentários
Postar um comentário
comentário no blogspot