Como a direita saqueia a coisa pública
TJ/SP mantém a indisponibilidade do patrimônio de José Bernardo Ortiz, ex-prefeito de Taubaté, que é suspeito de fraudes em licitações no comando da Fundação para o Desenvolvimento da Educação; "ele é de nossa total confiança", disse Alckmin sobre o aliado, que esteve à frente do gigantesco sistema de distribuição de bolsas de ensino nos últimos anos, beneficiando instituições como a desconhecida Sumaré; decisão também atinge filho de Ortiz, prefeito eleito de Taubaté.
A direita se apropria da coisa pública
através da expropriação. O pensador francês Rousseau já dizia que "o
verdadeiro fundador da sociedade civil foi aquele que cercou um terreno e
gritou: esta terra é minha e encontrou incautos suficiente para acreditar".
O apego a
propriedade, a paixão, o desejo de ter mais e mais é precisamente a essência da
sociedade capitalista, não interessando de que forma e porque meios essa
"propriedade" é obtida.
A propriedade é a última das 7 grandes idéias desenvolvidas pelo tribo humana
ainda na selvageria. Vem se sofisticando ao longo dos tempos até que chegará o
momento de seu declínio, assim como de todos os demais fenômenos naturais e
sociais, nesse eterno processo de transformação e evolução da sociedade.
Enquanto essa etapa histórica não se materializar, nós estaremos sob a égide da
sociedade capitalista, cuja classe dominante (burguesia) utiliza três formas
básicas de expropriação para saquear a coisa pública: corrupção; mais valia; e
privatizações (o retorno de bens já públicos para o controle privado).
A corrupção pura e simples é a parte mais primária da expropriação que a
burguesia pratica contra a sociedade. É a parte que ainda não está
“legalizada”, pelo menos em países como o Brasil, onde ainda é crime se
apropriar abertamente do alheio. Mas, nos Estados Unidos, por exemplo, a
atividade “lobista” já está regulamentada. Não é crime, portanto, intermediar
negócios e acordos entre congressistas e empresários. E para que não reste
dúvidas quanto ao caráter endêmico da corrupção na sociedade capitalista, basta
recorrer a história e verificar os sucessivos escândalos, aqui e mundo afora,
em gestões públicas e privadas, especialmente entre os banqueiros. Agora mesmo
a empresa Toyo Setal, que fez acordo de leniência, acaba de declarar que
praticava esse esquema desde 1997. E ninguém, salvo os cínicos, ficou surpresso
com essa declaração.
A mais valia representa a parte do trabalho realizado pelo trabalhador e não
paga pelo patrão, o burguês. No custo de produção de um televisor, por exemplo,
está embutido a matéria prima, despesas administrativa, tecnologia, depreciação
dos equipamentos, retorno financeiro do capital empregado, salários e encargos
trabalhistas, além do pró-labore do patrão. Após a fixação desse custo, o
patrão define o preço pelo qual colocará o produto no mercado, que naturalmente
é muito superior ao custo real. Essa diferença “mágica” é exatamente a mais
valia, a expropriação “legalizada” do trabalhador, que a burguesia apresenta
como “empreendedorismo” e “eficiência” gerencial. É por esse mecanismo que o
patrão fica rico, enquanto o trabalhador amarga privações. Foi Marx quem
conseguiu demonstrar teoricamente esse fenômeno, pondo por terra o devaneio dos
socialismos utópicos.
As privatizações representam a dilapidação do patrimônio publico, através de
esquemas criminosos de transferência de bens públicos para a iniciativa
privada. A tática básica consiste, com pequenas variações, num tripé macabro:
tornar ineficiente o serviço da empresa; inviabiliza-la financeiramente; e
desmoraliza-la perante a opinião pública. Em seguida se apresenta a
privatização como solução “milagrosa” para resolver os descaminhos que eles
mesmo praticaram. No governo FHC nós vimos esse filme a exaustão. Não
conseguiram quebrar o Banco do Brasil, a Caixa Econômica e nem a Petrobras, por
isso não conseguiram entrega-la ao capital estrangeiro naquele momento. Tiveram
que recuar. Agora voltam a carga e tentam concluir o trabalho inconcluso que
prometeram aos seus patrões americanos. Mas para fazer isso é preciso se livrar
do governo Dilma, que tem reiterado o seu compromisso com o caráter soberano do
país. Eis a causa da cruzada contra o governo, que vai da sistemática campanha
de difamação a articulação golpista aberta. O povo saberá reagir, eu não tenho
dúvidas.
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