O que quer dizer um empresário francês ao defender o Brasil do ataque da mídia brasileira?
Patrick Pouyanné é presidente do grupo Total, quinta maior petrolífera do mundo, francesa.
Provavelmente gosta mais de dinheiro do que
eu da Marselhesa.
Deu
entrevista à Deborah Berlink, coleguinha veterana da Folha, com idade e
experiência para escapar do “pensamento voraz” da imprensa brasileira.
A
leitura é chocante.
A
repórter repete “verdades” sobre o “fim do Brasil”.
E o
francês diz o que, em português, poderia bem ser traduzindo por “ôpa,
pera lá, né assim não!“.
Embora
fosse mais fácil para ele concordar e exigir mais (ou menos, no caso dinheiro,
de sua empresa na fase inicial do projeto do campo de Libra, no qual é
sócio) mostra que não é camelô vendendo capa em dia de chuva.
Não
está interessado em “enxugar” a Petrobras, apenas em enxugar custos,
repeitando, entre outras, as regras de conteúdo nacional com que
se aceitou ser sócio.
Não
preciso comentar, só transcrever trechos:
Folha
– O crescimento do Brasil está em queda e a Petrobras, sua parceira no pré-sal,
está metida num escândalo de corrupção. Isso o preocupa?
Patrick
Pouyanné - Acho
que a Petrobras é suficientemente sólida para enfrentar essas dificuldades. Tem
recursos importantes. Tenho certeza de que a Petrobras vai sair dessa. Na
Total, temos altas exigências em governança. No que diz respeito à nossa
relação com a Petrobras e a nossos associados no projeto Libra, queremos que a
forma como o projeto é administrado esteja em conformidade com essa filosofia.
Acho que a Petrobras é capaz de enfrentar esse tipo de debate, essa
tempestade.(…)
Mas
a Total é parceira da Petrobras, que, além de enfrentar denúncias, está
endividada.
Espere! A Petrobras é uma empresa nacional que
tem imensos recursos de petróleo. O Estado do Brasil tem 60% do pré-sal.
Estou convencido que a Petrobras tem todos os
recursos petrolíferos para poder enfrentar essa dificuldade financeira. Estou
convencido de que o estado do Brasil não vai deixar a Petrobras quebrar.
A situação da Petrobras poderá ter uma
influência numa questão: em que ritmo vamos desenvolver o projeto Libra? A
Petrobras estava indo muito rápido. Nós, da Total, também queremos ir rápido,
mas de uma forma que o desenvolvimento seja otimizado no plano de custos. Estou
convencido de que vamos poder achar um bom plano de desenvolvimento de Libra
que concilie as restrições da Petrobras e da Total.
O
senhor prevê uma desaceleração do desenvolvimento de Libra?
Não, eu penso que vamos avançar. Mas a
prioridade deve ser desenvolver o projeto da forma mais eficaz possível em
relação aos custos. Queremos desenvolver, vamos discutir isso com a Petrobras e
estou certo de que vamos encontrar um meio de avançar no ritmo adequado.(…)
É uma oportunidade. É uma ocasião para mim de
passar uma mensagem forte à empresa e à indústria, assim como no caso do
projeto Libra.
A mensagem é a de que é preciso aproveitar
agora para gastar menos e reduzir custos, ser mais eficaz. Gastamos muito
dinheiro porque tínhamos muito dinheiro com o barril do petróleo a US$ 100.
Esquecemos um pouco dos fundamentos (econômicos). Risco faz parte da nossa
profissão.
Além
de redução de custo, que outra mensagem o sr. está passando à Petrobras neste
momento?
A de que somos um parceiro de longo prazo.
Fomos ao Brasil porque, primeiro, os países têm recursos importantes no
pré-sal. Em toda essa discussão, há muitos elementos de curto prazo que você
evocou. Mas acho que é preciso manter uma visão de parceria de médio e longo
prazo. Isso é muito importante na nossa indústria.
E
o baixo crescimento econômico do Brasil? Não o preocupa?
Não, o Brasil tem uma grande população. É um
país que tem evidentemente um grande potencial.
Estamos
com crescimento zero.
Neste momento, mas espere… O mundo inteiro
hoje tem problema de crescimento e dificuldades por todos os lados do planeta
ligados a problemas monetários e financeiros.
O que sei é que o Brasil tem o fundamental
para o crescimento econômico, que é sua população. A população exige acesso ao
bem-estar, ao desenvolvimento social, à energia elétrica e etc.
Acho que o Brasil pode oferecer aos
investidores um potencial significativo. E é por isso que continua a ser um
país que atrai.
(…)
A
queda no preço do petróleo não muda os planos?
Libra tem entre 6 e 12 bilhões de barris. Tem
uma concessão de 35 anos e é tipicamente um exemplo de projeto onde não se deve
reagir e mudar de ideia em função do preço do petróleo, porque teremos 35 anos
pela frente. Sabemos que o preço do petróleo vai ser volátil, subir e descer.
Nosso grande interesse com o projeto Libra é
que não é um projeto de curto prazo. É um projeto de produção de longo prazo
que pode resistir a altos e baixos.(…)
Vocês
estão buscando parceiros no Brasil?
Sim, estamos buscando parceiros neste momento.
Ainda não achamos e se tivesse achado, não lhe diria.
Pano
rápido, porque só faltou perguntar “por
que vocês estão perdendo tempo com este país de m…?”
Comentários
Postar um comentário
comentário no blogspot