Ricardo Melo: Até quando os ministros do STF vão se fingir de mortos?
Filhote inocente de Bulldog empresta focinho para mascarar o ministro Gilmar Mendes
Por
que não uma Constituinte?
Proposta lançada
após junho de 2013 é alternativa popular para uma reforma política verdadeira.
Quando
parecia ser uma semana infernal para o governo, fatos mostraram que o jogo está
longe de ter sido jogado.
Um
dos alvos da Lava Jato, a Setal, abriu o bico sobre o cartel que cercava a
Petrobras. Segundo a empresa, a indústria da fraude vem de longe. Mais
precisamente do final dos anos 1990, durante a gestão de Fernando Henrique
Cardoso. E agora, senador José?
Quase
ao mesmo tempo, surge vídeo do processo sigiloso mais vazado da história. O
criminoso Alberto Youssef delata, em alto e bom som, que o senador Aécio Neves
recebia propinas de uma diretoria de Furnas. Em São Paulo, capitania tucana,
avança o processo sobre a roubalheira na CPTM/Metrô; procuradores acham brechas
para ressuscitar a Castelo de Areia. (Para quem não se lembra, trata-se de
operação sobre negociatas com governos tucanos. Foi impugnada sob o argumento de
que os grampos incriminadores eram ilegais… Imagine se o mesmo critério fosse
aplicado na Lava Jato.)
Quer
mais? Empreiteiros juram de pés juntos que Sérgio Guerra, ex-presidente do PSDB
e já morto, embolsou grana pesada para esvaziar investigações na Petrobras. E
um novo nome aparece para atormentar vestais de azul: o doleiro Adir Assad,
ajudante de ordens de Youssef. O personagem tem muito a falar sobre negócios de
Eduardo Cunha, Sérgio Cabral, governadores tucanos e o ex-prefeito Gilberto
Kassab, segundo informa reportagem do sempre atento Fabio Serapião na revista
“Carta Capital”.
Resumo
da ópera: multiplicam-se as provas de que o Estado brasileiro opera sobre uma
base misturando corrupção, conivência do grande empresariado e interesses
partidários. Para o governo, isso pode até trazer algum alívio quanto a
cálculos políticos. Já para os envolvidos, o PT e todas as suas inúmeras
digitais incluídos, são novos elementos a cobrar iniciativas mais convincentes
que entrevistas coletivas atabalhoadas, pacotes requentados e dietas
alimentares transformadas em termômetro político.
No
que a esta altura parece um tempo imemorial, mais de 7 milhões de brasileiros
participaram de um plebiscito informal que durou de 1º a 7 de setembro de 2014.
Quase 500 entidades organizaram a consulta. Resultado: 97% dos participantes se
declararam a favor de uma Constituinte exclusiva e soberana sobre o sistema
político. Detalhe: a proposta foi lançada pela própria administração petista
pós-junho de 2013. Teve gente que acreditou nela, tanto que organizou o
referendo. Já o Planalto parece nem se lembrar da proposta, embora exista um
projeto na Câmara pela convocação de um plebiscito oficial.
Que
uma reforma política é mais do que necessária, os fatos se encarregam de
mostrar. Que do mato atual não vai sair coelho sadio, disso pode se ter
certeza. Esperar que os parlamentares de turno façam alguma mudança séria num
sistema que os levou ao poder é como esperar Papai Noel na chaminé. Num país em
que um ministro do Supremo se dá o direito imperial de bloquear um mísero
projeto de purificação do financiamento eleitoral, e seus colegas de corte se
fingem de mortos, qualquer cenário é possível. Até que o povo e suas famílias
percebam o custo da bandalheira institucionalizada.
MARTA
À RÉ
Políticos
sempre apostam na lavagem cerebral do eleitorado. Marta Suplicy, herdeira de
faqueiros reluzentes, que certo dia mostrou-se espantada ao descobrir que nem
todas as casas tinham piscina, construiu sua carreira amparada no glamour de
ser uma rica que pensa nos pobres. Nada contra, pelo contrário. Quanto mais
gente defender os humildes, melhor. Mas não dá para encarar como normal, a não
ser como oportunismo eleitoreiro, o súbito antigovernismo de alguém que durante
anos e anos participou ativamente de tudo que agora critica. Relaxa e goza,
Marta.
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