Quem ganha com a desconcentração da publicidade oficial é a sociedade. Por Paulo Nogueira
Edinho vai pegar a Globo
Alguma
coisa é melhor que nada.
É sob essa lógica que se deve analisar a decisão do governo
Dilma de desconcentrar as verbas de publicidade oficial.
É menos do que o que deveria ser feito: uma regulamentação
que modernize a legislação da mídia e rompa o olipopólio há tanto tempo dominante.
Mas é mais do o PT fez até aqui nesse campo, em doze anos
de poder.
Na prática, significa criar condições para uma
indispensável pluralidade de ideias.
Nas palavras pomposas – mas sábias — utilizadas por Dilma
na posse de seu novo ministro da Secom, Edinho Silva, o governo apoiará “a
expansão das teias de opiniões, olhares e interpretações de realidade à
disposição dos brasileiros”.
Trazendo para o mundo das coisas concretas: chega de
patrocinar apenas companhias jornalísticas conservadoras.
Que se enriqueça o debate. Os colunistas – as dezenas deles
– das companhias jornalísticas escrevem essencialmente a mesma coisa, todos os
dias.
Não há debate, assim. Há gritaria. E, com frequência, todas
as vozes se unem para massacrar Dilma, Lula e o PT.
Os barões da mídia não estão satisfeitos. Eles se bateram
tenazmente por Aécio porque não haveria risco nenhum de uma coisa assim
acontecer.
Mas eles não deveriam se queixar. Ao longo de anos, décadas
viveram numa mamata vergonhosa. Entupiram-se de dinheiro público, num simulacro
de capitalismo.
Os barões juntaram fortunas colossais e puderam recrutar,
com o dinheiro farto, uma falange impressionante de porta-vozes (vulgo
colunistas) de suas ideias e de seus interesses.
Num ambiente mais plural, a sociedade terá acesso ao livre
mercado de ideias.
As
pessoas não serão forçadas, pela ausência de outros pontos de vista, a consumir
a opinião única que se vê na mídia tradicional.
A nova filosofia da Secom não elimina, repito, a
necessidade vital de uma regulação. Mas representa um avanço.
Ganha a sociedade.
E lucra também Dilma – que, depois de boas notícias como a
nomeação de Janine na Educação, parece enfim estar começando o seu segundo
mandato.
Comentários
Postar um comentário
comentário no blogspot