Revista Veja, Desmoralizada, Ataca Lula.
O objetivo do artigo mentiroso publicado por Veja não
é a moralidade ou a ética, mas criar condições jurídicas para afastar Lula das
eleições de 2014 e 2018.
Aqueles que, credulamente, ainda pensam que os jornais e revistas do PIG
(Partido da Imprensa Golpista) têm o objetivo de informar e debater questões
públicas relevantes poderem encontrar, na edição desta semana do panfleto
direitista chamado Veja um desmentido para estas esperanças e farto
material pedagógico sobre a maneira como agem. São instrumentos da luta de
classes dos ricos contra os pobres, onde os cães de guarda dos interesses
dominantes investem contra os setores progressistas, democráticos e
nacionalistas num combate político cuja arma é a mentira e a difamação.
O repórter, autor da matéria, e o diretor da revista afirmam ali, candidamente,
que as graves denúncias feitas contra o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva
estão baseadas no ouvir dizer, em “revelações de parentes, amigos e associados”
do empresário Marcos Valério, que extravasaria a eles seu inconformismo por sua
condenação no processo do chamado “mensalão”. Acusação ouvida do próprio Marcos
Valério - e esse é o critério não só do bom jornalismo, mas também da boa
investigação criminal - nenhuma! Aliás, o próprio advogado de Marcos Valério,
Marcelo Leonardo, prontamente desmentiu as mentiras da revista da família
Civita e afirmou que seu cliente não conversou com nenhum jornalista.
O artigo calunioso sustenta que Lula teria se encontrado com o publicitário
Marcos Valério, quando presidente da República, para acertar detalhes do
chamado “mensalão”, que envolveria uma quantia muito maior do que a atribuída
no julgamento que ocorre no Supremo Tribunal Federal, alcançando a quantia de
350 milhões de reais.
Não é a primeira vez que Veja é pega na mentira, que tem sido a norma
da revista nos últimos anos e não apenas em matérias políticas mas também em
outras áreas. Há um ano, no início de setembro de 2011, ela divulgou uma
matéria de capa sobre um medicamento para diabetes que, assegurava, levaria
seus usuários a emagrecimento em tempo recorde; foi um escândalo tamanho, de
repercussões negativas sobre a saúde pública, que a Anvisa precisou intervir e
obrigar a revista a se desmentir. Os ecos da matéria mentirosa e da intervenção
da Anvisa foram ouvidos inclusive em academias de ginástica onde pessoas ainda
crédulas se manifestavam indignadas com a irresponsabilidade e as mentiras da
revista.
A série de mentiras é longa; ela envolve, só para lembrar algumas, o
acolhimento das acusações feitas por um bandido contra o ministro do Esporte
Orlando Silva Jr (e, em consequência, contra o PCdoB) ou a fantasiosa
“revelação” de que Lula teria pressionado o ministro Gilmar Mendes, do STF,
pelo adiamento do julgamento do chamado “mensalão”, que foi imediatamente
desmentida pela terceira pessoa que participou do encontro durante o qual a
pressão, o ex-ministro da Defesa Nelson Jobim.
São antecedentes mentirosos que não contam para os paladinos do conservadorismo
e do neoliberalismo na mídia comercial. Um dos mais notáveis deles, o
comentarista Merval Pereira, de O Globo, foi logo para o ataque afirmando
a possibilidade de uma denúncia contra Lula, com base nas acusações falsas de Veja.
Outros - como Ricardo Noblat - foram na esteira dele, e no mesmo tom.
É a volta do coro conservador e neoliberal, com um objetivo muito claro e
definido. Desde a crise de 2005 estes comentaristas sabem que não conseguem
enganar o povo. Foram derrotados pelo voto popular nas eleições de 2006 e
depois em 2010, e seus partidos e candidatos enfrentam dificuldades imensas nas
eleições municipais desde então. O PSDB minguou e a voz de seus caciques,
ouvidas nos salões chiques de São Paulo, Rio de Janeiro, Londres ou Nova York,
não repercutem mais ali onde de fato interessa: no meio do povo, que vota e
escolhe os governantes.
A tática que parecem adotar, perante este quadro de dificuldades eleitorais
para seu renegado programa neoliberal e para aqueles que o representam, é
tentar inviabilizar juridicamente uma nova candidatura de Luís Inácio Lula da
Silva à presidência da República, em 2014 ou 2018. Para aqueles que aceitavam
apenas um mandato para Lula - o primeiro, de 2003 2006 - o quadro que se
apresenta é politicamente aterrador ao indicar a quase inexorável perspectiva
de um domínio de mais de vinte anos das forças democráticas, progressistas e
patrióticas sobre a presidência da República.
Daí a ideia “genial”: condenar Lula como o chefe do chamado “mensalão” e
ganhar, no tapetão, aquilo que não conseguem alcançar no voto, a exclusão do
líder sindical e operário de futuras disputas eleitorais.
É difícil que tenham êxito, como mostra a reticência dos presidentes dos dois
principais partidos da direita neoliberal -- o PSDB e o DEM --, Sérgio Guerra e
José Agripino, diante de qualquer iniciativa jurídica contra Lula a partir de
bases tão frágeis quanto a mentira relatada por Veja.
A luta é política; é luta de classes, e a direita (com seus cães de guarda da
mídia) investe - nunca é demais repetir - na única e esfarrapada bandeira que
alega sustentar, a defesa da moral e da ética. O caráter mentiroso dessa defesa
fica claramente exposto quando se vê o comportamento dessa mesma mídia diante
de acusações mais graves e sólidas contra o tucanato e seus governos, como se
viu no eloquente silêncio a respeito das denúncias feitas no livro Privataria
Tucana, no qual o jornalista Amaury Ribeiro Júnior denuncia as falcatruas do
governo de Fernando Henrique Cardoso, ou diante do acúmulo de denúncias do
envolvimento do jornalista Policarpo Jr, diretor de Veja em Brasília,
com a quadrilha de Carlinhos Cachoeira. Para a mídia e para os tucanos o
objetivo não é alegada moralidade mas a criação de condições para sua volta ao
poder. Como se fosse possível no Brasil de hoje!
O poder da mídia conservadora é inegável, e grande. É o poder da classe
dominante brasileira, fortalecido inclusive com contribuições do próprio
governo federal. Dados divulgados na semana passada pela Secretaria de
Comunicação Social da Presidência da República mostram que, dos 161 milhões de
reais gastos em publicidade desde o início do governo de Dilma Rousseff, 50
milhões foram apenas para a TV Globo; a Editora Abril recebeu 1,6 milhões (1,3
milhões para publicidade em revistas e 300 mil na internet).
Esse poder se defronta hoje com um protagonismo popular mais acentuado; os
velhos “formadores de opinião” claudicam ante o despertar do povo brasileiro e,
sem propostas claras e objetivas, amparam-se em mentiras e na calúnia. Precisam
olhar a história: em batalha semelhante, na década de 1950, a mídia
conservadora e antidemocrática investiu contra o presidente Getúlio Vargas com
a mesma fúria com que hoje ataca as mesmas forças democráticas, progressistas e
patrióticas que dirigem o governo federal. O fracasso daquela investida ficou
clara na derrocada da principal revista daquela época, O Cruzeiro, notável
pela mesma capacidade de mentir e caluniar hoje protagonizada por Veja. Em
outubro de 1954, logo depois do suicídio de Vargas, a tiragem de O
Cruzeiro ainda era de 700 mil exemplares; poucos meses depois, em
fevereiro de 1955, caiu para 660 mil e seguiu em queda livre até 1965, quando
ficou na faixa dos 400 mil exemplares, e continuou caindo (os dados estão num
livro cujo título é apropriado: Cobras Criadas: David Nasser e O Cruzeiro,
do jornalista Luiz Maklouf Carvalho).
A direita e os conservadores precisaram de um golpe militar, em 1964, para
impor suas teses e massacrar a democracia que se fortalecia.
Os tempos mudaram e a direita, hoje, mantém o poder do dinheiro e da mídia mas
perdeu a capacidade de mobilização popular e de respaldo dos quartéis para seus
projetos anacrônicos, antidemocráticos e antipatrióticos. Restam a ela, como
armas, a mentira e a mistificação.
Por José Carlos Ruy
Conheçam a FARSA HISTÓRICA da Revista Veja, e vejam como operam há anos seguidos: confissoesagiulianamorrone.blogspot.com.br/
ResponderExcluir