A “Excitação Mórbida” dos Analistas Logo Depois da Tragédia
Eduardo morre e urubus fazem contas: a excitação mórbida dos
“analistas”
publicada quarta-feira, 13/08/2014 às 20:20 e atualizada quarta-feira, 13/08/2014 às 20:20
Os corpos ainda não haviam sido localizados. Os
bombeiros ainda procuravam as caixas pretas do avião em que viajavam
Eduardo Campos e mais seis pessoas. Mas o “mercado” e a gloriosa mídia
brasileira já faziam suas contas.
O Blog da Maria Frô captou bem essa onda que foi invadindo a
internet durante esse trágico 13 de agosto. A “Veja” especula com números da
Bolsa. A “Folha” adianta-se e faz pesquisas, já perguntando: “ontem, o
candidato Eduardo Campos morreu em um acidente de avião; na sua opinião o PSB
deveria: 1 lançar Marina Silva como candidata a presidente, 2 lançar outro
candidato…”
Começo da tarde: comentaristas da “GloboNews” tentavam estabelecer
o “novo quadro político”. No rádio, uma “analista de mercado” dizia que a morte
de Eduardo (os outros seis mortos nem são levados em conta) cria “um fato novo”
na campanha eleitoral.
A analista chegou a dizer que isso poderia ser “positivo para o
Brasil”.
Há certa excitação no ar. Excitação mórbida. Comentaristas gagos,
acadêmicos globais e outros quetais animam-se com a possibilidade de que Marina
seja candidata e ajude a levar a eleição ao segundo turno. É a torcida da
revista “Veja”. Torcida que se exalta, sem respeitar os mortos, nem as
famílias, nem nada mais.
Não me espanta. Tenho ouvido coisas incríveis pelas ruas. O Brasil
está envenenado.
Sim, Marina pode ser candidata. O DataFolha já registrou até
pesquisa eleitoral com o nome de Marina Silva na corrida.
A elite brasileira tem pressa. É preciso definir o que fazer. Qual
será o canto de sereia a convencer Marina? É preciso sondar humores.
FHC, numa rádio, respondia que a entrada de Marina muda tudo. “Não
sei se ganha, mas aumenta a chance de segundo turno”.
Esse é o papel (falta combinar com a ex-ministra) reservado a
Marina, nos sonhos de colunistas, comentaristas gagos e urubus de toda ordem:
levar a eleição pro segundo turno, carregando o cadáver de Eduardo se preciso.
Desde que no segundo turno esteja Aécio, e não a própria Marina.
Mas o quadro se complica. O eleitor nordestino de Eduardo é muito
sensível ao que indicar Lula. O ex-presidente guarda um silêncio respeitoso,
enquanto revistas da marginal e marginais de revistas fazem cálculos,
contas e insuflam a onda de ódio no Brasil.
Tudo isso por cima dos cadáveres de Eduardo e das outras vítimas
do acidente.
Marina é útil? Ótimo. Falta combinar com o eleitor.
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