O que explica o vexame internacional da Globo na coletiva de Dilma e Obama.
Por Paulo Nogueira
A
miséria jornalística e mental das Organizações Globo foi brutalmente exposta ao
mundo ontem, na entrevista coletiva concedida por Obama e Dilma sobre o
encontro de ambos.
A jornalista Sandra Coutinho da Globo fez uma pergunta que,
jornalisticamente, é a quintessência da obtusidade.
Presumivelmente,
o real autor da questão foi Ali Kamel, diretor de jornalismo da emissora e
célebre por um livro em que declara, triunfal: “Não somos racistas”. Uma
ex-apresentadora disse que todas as
perguntas revelantes na Globo são obra de Kamel.
O primeiro erro técnico foi atribuir a Obama, na pergunta,
uma opinião que é da Globo, mas não dele.
Ela afirmou que os Estados Unidos veem o Brasil como uma
potência regional, e não mundial.
De onde ela tirou isso, ou Kamel?
O Brasil é a sétima economia mundial, queira a Globo ou
não. E nos últimos anos, sobretudo com a ascensão de Lula, ganhou ressonância
mundial.
A Globo jamais iniciaria a pergunta daquela forma se o
presidente fosse FHC ou Aécio.
E
um bom jornalista nunca colocaria
uma opinião dele mesmo na boca de qualquer pessoa.
Pesquise: quando Obama, ou alguma outra autoridade do
governo americano, disse algo parecido?
Foi tão boçal a voz da Globo na coletiva que Obama, embora
a pergunta não fosse para ele, tomou o microfone.
Sandra Kamel, chamemos assim, não se limitou a uma asneira numa só pergunta.
Também conseguiu incluir nela a crise econômica e política do Brasil como se
isso fosse realmente uma coisa incomum num mundo cor de rosa.
Ora, os próprios Estados Unidos desde 2008 estão atolados
em dificuldades econômicas.
Obama pareceu saber mais sobre o Brasil que a Globo. Notou
que problemas no Congresso estão longe de ser exclusividade do governo Dilma.
Ele próprio enfrenta um Congresso extraordinariamente
hostil desde que chegou à Casa Branca. Foi épica sua luta para aprovar o
projeto de saúde que lhe era tão caro, o Obamacare.
Sinal da realidade paralela vivida pela Globo e seus
jornalistas, Sandra Coutinho festejou sua intervenção patética no Twitter.
“Muita emoção conseguir fazer uma das quatro perguntas da
coletiva de Dilma e Obama!”, escreveu.
Fora
tudo, Sandra não fez qualquer esforço.
Como mostra o vídeo da entrevista, a palavra lhe foi dada por Dilma, num gesto
que mostra a característica subserviência de governos brasileiros, petistas ou
não, à Globo.
As palavras mentecaptas de Sandra Coutinho registraram,
mundialmente, não apenas o que a Globo pensa sobre o Brasil.
Mais que tudo, elas captaram, ao vivo, a indigência
jornalística e intelectual da emissora.
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