SOBRE A POPULARIDADE NEGATIVA DE DILMA
Por Miguel do Rosário
Antes de iniciar a análise dos números do Ibope sobre a aprovação do
governo, façamos uma ressalva.
A pesquisa mais
importante numa democracia, a única que não erra, para o bem ou para mal, é o
sufrágio.
No entanto, é
evidente que um governo democrático, num país com instituições ainda frágeis, e
com uma cultura política traumatizada por 21 anos de ditadura, precisa de bons
índices de aprovação para manter a estabilidade política.
Aliás,
esta é a razão de tomarmos cuidado com pesquisas neste momento. Elas refletem o
clima de golpe, com o noticiário batendo diuturnamente no governo, no partido
de governo e na presidenta.
Sem contar que, com
o tensionamento, crescem também as chances de manipulação das próprias
pesquisas, que passam a ser usadas como capital de legitimação de golpes contra
a soberania popular.
Dito isto, sigamos
adiante.
Todo mundo tem
avisado, sistematicamente. Quem não se comunica, se trumbica.
Todas as
consequências que havíamos previsto estão se confirmando.
Sem comunicação,
sem parar de dar dinheiro à Globo, sem fazer o enfrentamento político, o apoio
ao governo, e particularmente à Dilma Rousseff, está erodindo rapidamente.
E vai continuar
erodindo, até chegar no negativo.
Porque os próprios
eleitores de Dilma a estão rejeitando.
Cadê a estratégia
de comunicação?
Não se percebe que
o crescimento da desaprovação, num ambiente político envenenado como o nosso,
gera uma tremenda instabilidade política e, consequentemente, econômica?
Não se percebe que
não adianta fazer ajuste fiscal se não há estabilidade?
Os dados do Ibope,
vistos de perto, são ainda mais assustadores.
Dilma está sendo
rejeitada universalmente, e com mais força ainda pelos pobres. Pelos mesmos
pobres com os quais ela se recusou a falar no primeiro de maio, com medo de
panelaços.
Ou seja, perdeu
apoio na classe média, e agora perdeu apoio dos pobres.
Perdeu apoio no Sul
e Sudeste, agora perdeu apoio no Norte e Nordeste.
Quando eu falo em
comunicação, falo de política, dos erros monstruosos na condução da política.
Os erros políticos
do governo provocam um efeito cascata em todas as instâncias nacionais.
Ao fugir do debate
político, o governo prejudica não apenas a sua própria aprovação (o que
compromete diretamente a sua base parlamentar, alimentando traições internas):
ele prejudica todo o campo que investiu capital político em sua eleição, como
centrais, sindicatos, movimentos sociais e milhões de eleitores que
participaram de um embate político duríssimo em 2014.
Direitos humanos e
leis trabalhistas, por exemplo, são tragados pelo retrocesso, e o governo
popular, com baixa aprovação, não consegue lutar contra isso.
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