ECOS DA "REPÚBLICA DAS ALAGOAS" - Os negócios suspeitos de Pedro Paulo Leoni Ramos, ex-ministro de Collor
Em 2 de
outubro de 1992, o senador Dirceu Carneiro caminhou pelos corredores do Palácio
do Planalto até o gabinete do então presidente Fernando Collor de Mello. Lá entregou a comunicação oficial,
avalizada por 441 deputados federais, de que daquele dia em diante Collor
estaria afastado da Presidência até a conclusão do processo de impeachment. Carneiro disse ao então presidente esperar que aquele ato
representasse o aperfeiçoamento de nossa recém-recuperada democracia. Da boca
de Collor ouviu apenas uma palavra: “Certamente”.
Collor sairia no mesmo dia do Palácio do Planalto em um
helicóptero da Força Aérea Brasileira. Enquanto acenava para a multidão, que o
vaiava, o País vivia a falsa sensação de que a tradição da impunidade estaria
com os dias contados e que oestablishment passaria a estar em igualdade de
condições diante da lei. Pouco mais de dois meses depois, Collor renunciaria
horas antes de o impeachmentser
aprovado pelo Senado.
As acusações de corrupção no esquema PC
Farias e de desvios em contratos de publicidade se esvaíram como pó onde menos
se esperava: nas barras dos próprios tribunais. Para o Supremo Tribunal
Federal, a mesma Teoria do Domínio do Fato arguida no caso do “mensalão” não poderia ser aplicada ao
ex-presidente e atual senador. No ano passado, em um julgamento dos contratos
de publicidade durante seu governo, segundo a Corte, “não havia provas” de que
Collor sabia das tramoias praticadas por seus auxiliares. Argumento semelhante
foi usado pela Corte no primeiro julgamento no qual foi absolvido em 1994.
O tempo passou. Collor
seguiu sua vida com as absolvições concedidas pela Justiça e por parte da
população de Alagoas. Eleito senador, voltou à cena política de dedo em riste
contra todos aqueles que o acusaram. “Após mais de duas décadas de expectativa
e inquietações, de injustiças, quem poderá me devolver agora tudo o que perdi?
Quem poderá me devolver?”
As respostas a essas perguntas ficarão
para depois, pois Collor está perto a voltar ao banco dos réus. Mais uma vez, o
ex-presidente é acusado de um crime em parceria com um velho amigo. Padrinho de
casamento e colega de juventude, o empresário Pedro Paulo Leoni Ramos, o “PP”,
está envolvido até o pescoço na Operação Lava Jato e
com personagens do submundo do crime organizado.
Quem acusa é a Polícia Federal. Segundo
os investigadores, PP, ministro de Assuntos Estratégicos no governo Collor,
representava o hoje senador na BR Distribuidora, braço de distribuição de
combustíveis da Petrobras. PP foi denunciado pela Procuradoria-Geral da
República juntamente com Collor por envolvimento nos desvios. O esquema tinha
faturado 26 milhões de reais, segundo delação do executivo da UTC Ricardo Pessoa, por conta de contratos
fraudados entre 2010 e 2014. As denúncias contra Leoni Ramos vêm de longa data.
Na década de 1990, o empresário foi
acusado de cobrar propinas na Petrobras, caso conhecido como
“Esquema PP”. O ex-ministro sempre negou envolvimento com o escândalo, assim
como qualquer das acusações atuais.
CartaCapital teve acesso a novos documentos que mostram a proximidade de PP com Alberto Youssef e Fayed Traboulsi, dois dos maiores doleiros e lavadores de dinheiro sujo do País.
CartaCapital teve acesso a novos documentos que mostram a proximidade de PP com Alberto Youssef e Fayed Traboulsi, dois dos maiores doleiros e lavadores de dinheiro sujo do País.
Comentários
Postar um comentário
comentário no blogspot