ELITE CORRUPTA UTILIZA GOLPE PARA DETERIORAR A DEMOCRACIA E O ESTADO DE DIREITO COM PROGRAMA QUE NÃO SERIA APROVADO PELAS URNAS, DIZ CIENTISTA NORTE AMERICANO
Conspirador, traidor, golpista, pau mandado, sem liderança, vacilante, medroso e achacador
Alguns previam que o
afastamento de Dilma Rousseff sem crime de responsabilidade resultaria numa
degradação maior das instituições e do Estado de direito.
"Foi exatamente o que aconteceu, seguido pela repressão
política que quase sempre acompanha esse tipo de 'mudança de regime'",
afirma o economista norte-americano Mark Weisbrot, codiretor do Centro de
Pesquisa Econômica e Política, em Washington, e presidente da Just Foreign
Policy, organização norte-americana especializada em política externa.
Em artigo
na Folha de S.Paulo esta quinta-feira 22, ele cita alguns exemplos
dessa degradação, como a invasão, a tiros, pela polícia a uma escola do MST em
São Paulo. "A politização do Judiciário já era um problema de importância
maior no período que antecedeu o afastamento de Dilma. Agora assistimos a uma
corrosão maior das instituições, quando um juiz do Supremo Tribunal Federal
emitiu uma liminar afastando Renan Calheiros da presidência do Senado",
acrescenta.
A PEC do teto dos gastos, para ele, se trata de uma "emenda
constituição escandalosa", um "inusitado compromisso de longo prazo
com a pobreza crescente". "Os cortes que o governo propõe para as
aposentadorias públicas vão atingir mais duramente a classe trabalhadora e os
mais pobres", lembra também, sobre a reforma da Previdência.
"A deterioração da democracia, do Estado de direito e dos
direitos civis é o que ocorre quando uma elite corrupta utiliza uma 'mudança de
regime' ilegítima para aprovar à força mudanças estruturais grandes e
regressivas para as quais jamais ganharia apoio nas urnas", escreve ainda
o economista, para quem "os juros exorbitantes do país representam outra
política macroeconômica fracassada que bloqueia a recuperação econômica".
"O governo atual não tem nada a oferecer, exceto uma
repetição do fracasso econômico de longo prazo de 1980-2003, que a população
não vai aceitar. Vem daí a degradação que está promovendo das mais importantes
instituições políticas do país", conclui Weisbrot.
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