MORO BLINDA CUNHA PARA BLINDAR TEMER
Protegido pelas artimanhas do juiz Moro, Temer continua sua trajetória de conspirador, traidor, golpista e corrupto que usurpou o poder das mãos de uma presidenta digna eleita pela maioria dos eleitores, consumando assim a volta da direita insensível e desonesta ao poder
A seguir, texto de Alex Solnik no Brasil 247
O juiz Sergio Moro é um funcionário público. Apesar de não ter sido
eleito, deve prestar satisfações à sociedade brasileira, tal como os
políticos, que o foram. Por isso, ele deveria vir a público explicar
esse caso de "dois presos, duas medidas".
Vejam bem vocês como são as coisas. Antes de ser preso, Eduardo Cunha
era o maior vilão do Brasil. Faltou pouco para os mais distraídos
pensarem tratar-se de um novo Bandido da Luz Vermelha ou o Tião Medonho
redivivo.
Ministros do STF gastavam horas enumerando as acusações de extorsão,
chantagem, venda de medidas provisórias, lavagem de dinheiro, ocultação
de bens e dezenas de outros delitos.
A comparação mais bondosa que se fazia dele era com o mau caráter do seriado "House of Cards".
No entanto, bastou ir para o xilindró para ele sair das manchetes.
Ele próprio teve que se esforçar para não ser esquecido, publicando uma
carta aberta ao juiz Sergio Moro na "Folha" e enviando perguntas
incômodas, muitas das quais foram censuradas por Moro.
Ou não se tem notícias porque a investigação a seu respeito parou ou
ela continua, mas as notícias, como a exportação de carne em lata para a
África não são vazadas para a mídia, ao contrário do procedimento usual
desde o início da Operação Lava Jato.
O que parece é o seguinte. Cunha foi retirado de cena e em seu lugar
foi coroado outro vilão, o outrora simpático Sérgio Cabral, para
distrair a plebe, agora carimbado diariamente como o maior ladrão da
República de todos os tempos, aquele que usou o helicóptero 1 milhão de
vezes para descansar no fim de semana, aquele que comprou todas as joias
do mundo, o insaciável, o abusado, aquele que cobrava 5% das obras,
aquele cujo cabelo foi cortado e que sempre aparece em traje de
presidiário de Bangu 8. Por coincidência, tinha ligações com os governos
Lula e Dilma.
Já em Curitiba, Cunha, apesar de preso, mas em Curitiba, surgiu em
público, na audiência com o juiz Sergio Moro com o mesmo corte de cabelo
de sempre, aparado e não cortado, camisa limpa e bem passada, gravata
elegante, um terno na estica e certamente com o perfume de sempre. Por
coincidência, tem ligações com o governo Temer.
Se falar o que sabe Cabral pode potencialmente comprometer Lula; se Cunha falar o que sabe enterra o governo Temer.
Esse parece ter sido o ponto fundamental na escolha das prioridades.
Expor Cabral cada vez mais como o bandido número 1, porque uma população
viciada em telenovelas não pode viver sem vilões e esconder Cunha o
mais possível, de modo que o esqueçam e ele esqueça Temer.
O noticiário negativo, intermitente e bombástico sobre Cabral serviu
para atingir, potencialmente, Lula e Dilma, num período em que,
coincidentemente, Lula aparece em primeiro lugar em todas as pesquisas
para 2018 e blindar Temer esvaziando o espernear de pernas de Cunha.
Não é mais nem o caso de discutir se Moro está ou não está blindando
Temer, isso ficou demonstrado quando ele censurou perguntas de Cunha que
comprometem o governo atual em vez de, como um juiz soberano, permitir
que a população conheça as entranhas do poder que é por ela sustentado.
Moro blinda Cunha para blindar Temer.
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