TEMER: ALÉM DE CORRUPTO, VULGAR... APENAS UM RATO VULGAR
TEMER SAIU DAS SOMBRAS APENAS PARA CONSTATAR QUE SEU VERDADEIRO LUGAR SEMPRE FOI LÁ MESMO, E AGORA VAI SAIR DA PRESIDÊNCIA PELA PORTA DOS FUNDOS, VAI SAIR COMO O GATUNO VULGAR QUE SEMPRE FOI.
A seguir, texto de Tereza Cruvinel no Brasil 247
Michel Temer, agora investigado pelo STF por crimes cometidos no
mandato, jurou raivoso que não vai renuncias mas deve estar vivendo
suas últimas horas no cargo. Seu navio furado vem sendo abandonado às
pressas pela tripulação oportunista que nele embarcou com o golpe.
Temer vai sair pela portas dos fundos, vai sair como um gatuno vulgar
que, por muitos anos, disfarçou-se de político habilidoso. Muito se
dirá sobre os 12 meses tenebrosos em que ele governou o Brasil impondo o
programa derrotado nas urnas de 2014, após conspirar para a derrubada
da presidente com a qual se elegeu vice. Muito se dirá também sobre sua
queda ruidosa, após cair numa arapuca armada para pegar passarinho
incauto. O arrogante é sempre incauto, julga-se inalcançável em sua
esperteza. Mas, antes que ele vire cachorro morto, quando até os
bajuladores que teve durante seu reinado tenebroso irão espancá-lo
(coisa que, aliás, já estão fazendo, vide o Jornal Nacional desta
noite), quero destacar uma característica que nenhum outro governante
brasileiro exibiu de forma tão acintosa: a vulgaridade no poder.
A vulgaridade na política se manifesta quando alguém exerce o
poder sem cultura e sem preparo intelectual para o cargo e, também, em
sua forma mais grave, quando um governante o exerce sem condições morais
para tanto, sem enfrentar dilemas e limites éticos, o que em algum
momento acaba levando à queda no abismo, como acontece agora com Temer.
Como já aconteceu, ao longo da História, com imperadores e tiranos que
se distinguiram pela vulgaridade.
Não falemos da vulgaridade intelectual de Temer, de sua
incultura, de sua abordagem superficial e rasa das questões mais
relevantes ou graves. Sem pisar na norma culta da Língua, como fazia
Lula despertando as iras da imprensa e de adversários lustrosos, como os
tucanos, Temer passou um ano dizendo platitudes e besteiras que não
incomodaram os que o ajudaram a chegar lá, além de mentir descaradamente
sobre feitos de seu governo, contrariando os números e a realidade.
Fico em sua vulgaridade moral, que só não viu quem não quis,
muito antes destas revelações sobre seu encontro com Joesley
Batista. Temer, presidente da República, ouviu o empresário confessar um
rosário de crimes e portou-se como um confidente. Mais que isso, como
um aliado, um correligionário. Isso é a vulgaridade moral em altíssimo
grau.
Há pouco alguém ligado a Temer me dizia que ele caiu numa cilada
da PF e do Ministério Público. Reclamou do ministro da Justiça, por não
ter sabido das articulações entre a JBS e a Lava Jato. Sua conversa com
Joesley é a prova maior de sua vulgaridade moral. Temer conversa sobre
qualquer coisa indecente como se discutisse uma medida burocrática, sem
tremer a voz. Acostumado a conduzir tratativas nada republicanas, em que
já foram discutidas propinas, inclusive uma vultosa, de R$ 40 milhões,
em que ele já pediu uma contribuição eleitoral de R$ 10 milhões, como
fez no encontro com Marcelo Odebrecht, acostumado a todo tipo de
traficâncias na relação com os poderosos, Temer portou-se como um peixe
nӇgua na conversa com Joesley. Ali estava mais um magnata a quem
poderia servir em troca de vantagens e de apoio político. De nada
desconfiou porque a conversa era similar a outras tantas.
- Isso tem que ser mantido, viu?
Isso o quê mesmo? O mensalão pago pela JBS a Eduardo Cunha para
que não fizesse delação premiada. Pois se fizesse, mandaria Temer para o
espaço. Por vias tortuosas, foi Cunha que o derrubou por ação alheia.
O que significa o pagamento de uma propina de longo prazo, em
parcelas de R$ 500 mil a Rodrigo Loures, com quem Temer mandou Joesley
tratar dos problemas enfrentados por sua empresa?
Batista perguntou se
poderia tratar “de tudo” com Loures. “De tudo”, confirmou Temer. “Tudo”,
está claro, inclui a propina que foi paga a Loures e foi documentada
pela PF. Nunca um presidente desceu tão baixo na vulgaridade.
A vulgaridade moral perpassou toda a sua passagem pela
presidência. Nos últimos dias, Temer distribuiu bilhões de reais para a
plutocracia empresarial em troca de votos para as reformas neoliberais,
que vinha utilizando como moeda na busca de apoio do mercado. Nos
últimos dias houve um perdão de R$ 25 bilhoes para o Banco Itaú, de R$
10 bilhões para os ruralistas que não pagam o Funrural, de R$ 8 bilhões
do Refis para empresas urbanas, de bilhões não calculados em renovação
de contratos de concessão... E, no entanto, os que só agora se dizem
decepcionados com ele trataram tudo isso com naturalidade. A começar
pela imprensa. Havia até quem visse nisso "habilidade" para aprovar as
reformas.
Enquanto destruía políticas sociais e retirava direitos e
conquistas ínfimas dos mais pobres, inclusive aposentadorias por
invalidez, Temer ia além de todos os limites e das próprias aparências
para proteger seus aliados encalacrados. Manter no governo ministros
investigados como Padilha, Moreira e outros tantos, em qualquer país,
seria visto como uma vulgaridade intolerável. Trump, que na campanha já
se prenunciava um portador da vulgaridade na presidência americana,
sucedendo justamente a Obama, que a exerceu com elegância e liturgia.
por muito menos já está sendo confrontado, podendo vir a ser o primeiro
presidente americano a sofrer impeachment.
Aqui, entretanto, não houve uma insurgência geral, durante 12
meses, contra os arreganhos, os abusos e a vulgaridade de Temer. Muito
pelo contrário, ele contou com grande indulgência da mídia, de
organizações da sociedade civil e do próprio Judiciário. Cooptou quase
todos os partidos, o que é uma prova lamentável da decrepitude deles.
Ainda esta semana, Temer ficou raivoso quando se soube que a babá
de seu filho era paga pelo erário.Ocupa função de confiança no
Planalto. cargo público de confiança. Sentindo-se firme no cargo, com um
prato de melado à sua frente, parecia acreditar que o Brasil havia
renunciado a qualquer exigência moral em relação a ele ou a qualquer
ocupante do Planalto. Sentia-se à vontade para transgredir e enganar.
Eis que, com a gravação e divulgação de sua conversa com Joesley,
os brasileiros resolvem dizer “basta” e a própria elite política e
empresarial constata que não dá mais para segurar e decide livrar-se
dele. É uma questão de horas ou dias, e de forma: impeachment, TSE ou
STF, se ele não renunciar. Afinal, o homem não passa de um rato vulgar.
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