Mídia tenta abafar operação da PF contra médicos corruptos
Vaidosas, mais preocupadas em mostrar as carinhas de dondocas analfabetas políticas
Se tivesse um médico cubano, unzinho só,
nesse escândalo, ele teria enorme destaque em nossas mídias.
Mas
não tem.
É um
escândalo de médicos brasileiros coxinhas – e corruptos.
Provavelmente
os mesmos que andaram se manifestando histericamente contra o Mais Médicos, e
dizendo impropérios contra a presidenta.
As
categorias da classe permanecem mudas contra crimes monstruosos.
Até
agora, também não vimos nenhum editorial indignado na grande mídia contra
desvios praticados por médicos na rede pública de saúde.
Os
paneleiros e os movimentos anticorrupção de internet também sumiram
misteriosamente.
***
Mídia ignora operação da PF que prendeu
‘doutores’ ladrões do SUS
Apesar de emblemática, nova
investida da PF contra desvios de recursos públicos por médicos e empresários
entrou na categoria das operações “invisíveis” ao noticiário nacional,
merecendo pouca atenção.
por Helena Sthephanowitz, em seu blog na Rede Brasil Atual.
A Polícia Federal em conjunto com o Ministério Público
Federal realizou na semana passada(mais precisamente no dia 2, terça-feira) a
operação Desiderato contra fraudes praticadas por médicos e empresários no SUS
(Sistema Único de Saúde) em quatro estados: Minas Gerais, São Paulo, Rio de
Janeiro e Santa Catarina.
O centro da operação foi na cidade de Montes Claros (MG),
onde três médicos cardiologistas foram presos por evidência de três tipos de
crimes: receber propinas sobre equipamentos médicos comprados com verbas do
SUS, desvio destes equipamentos do patrimônio público para uso em clínicas
particulares, e cobrar “por fora” de pacientes atendidos pelo SUS.
Empresários e suas empresas que teriam corrompidos os
médicos também foram alvos da operação. A Polícia Federal, como é de praxe no
período de investigações, manteve os nomes em sigilo.
Apesar de emblemática e de servir de referência para
reprimir estes crimes em unidades de saúde de todo o Brasil, esta operação da
Polícia Federal entrou na categoria das operações “invisíveis” ao noticiário
nacional, merecendo pouca atenção. O fato de os médicos presos terem se
limitado à cidade de Montes Claros não torna a notícia regional, pois o
delegado da PF Marcelo Freitas, que conduziu as investigações, afirma:
“Acreditamos que o mesmo tipo de fraude se estenda por todo o território
nacional, o que precisa ser investigado”.
A importância nacional foi reforçada pelo delegado ao
dizer que atualmente os desvios são facilitados pela falta de controle sobre as
próteses. A notas fiscais de venda investigadas informam apenas quantidade e
número do lote, mas omitem os números de série. O Ministério Público
encaminhará à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) recomendação
para tornar obrigatória a discriminação deste verificador.
O delegado informou que o mesmo crime será investigado em
outras especialidades, como próteses de ortopedia, de otorrinolaringologia e
oncologia. As diligências feitas na sede das empresas fornecedoras que
corrompiam médicos deixa claro que a investigação busca pegar delitos
semelhantes em outras cidades do Brasil.
As investigações iniciadas em julho de 2014. Segundo os
investigadores, stents (dispositivo para desobstruir artérias do coração) eram
comprados para pacientes que não precisavam. Os maus médicos faziam um laudo
realista para o paciente, sem referência ao stent. Faziam outro laudo –
fraudulento – com a indicação de uso do aparelho para a coordenação do Sistema
Único de Saúde. Assim, criavam um estoque paralelo dos dispositivos. Tudo pago
com recursos do SUS, mas que eram desviados para uso em pacientes particulares
e que pagava diretamente aos médicos pelo uso de itens comprados com dinheiro
público.
Além dos desvios, os médicos recebiam propinas dos
fornecedores. Os aparelhos custam aos cofres públicos entre R$ 2 mil e R$ 11
mil, conforme o modelo, e os médicos ganhavam propinas de R$ 500 a R$ 1.000 por
unidade que pediam. Não precisa nem desenhar que, se não houvessem as propinas,
o preço cobrado ao SUS poderia ser menor.
O grupo de médicos envolvidos chegou a receber R$ 110 mil
por mês e criaram até uma empresa de fachada para receber a propina das
distribuidoras simulando “prestação de serviços” para lavar o dinheiro sujo,
segundo a PF.
Outra prática criminosa destes médicos foi, além de
receber pelo procedimento através do SUS, cobrar “por fora” de pacientes. A
Santa Casa de Montes Claros suspendeu um dos médicos da equipe de hemodinâmica,
depois de saber que cobrou R$ 40 mil para um tratamento pelo SUS do paciente
Vladiolano Moreira. Depois de receber a denúncia, abriu sindicância e constatou
que o médico já tinha recebido R$ 20 mil. Com as investigações, a família
recebeu o dinheiro de volta. Não foi o único caso constatado. Outra paciente,
Maria Ferreira teve de pagar R$ 3 mil. Nilza Fagundes Silva pagou R$ 10 mil.
Os investigados foram indiciados pelos crimes de
estelionato contra entidade pública, associação criminosa, falsidade
ideológica, uso de documento falso, corrupção passiva, corrupção ativa e
organização criminosa. A Santa Casa e o Hospital Dilson Godinho, onde a
quadrilha atuou, não participaram dos delitos e colaboraram com as
investigações, de acordo com a PF.
A operação mobilizou 200 policiais federais para cumprir
8 mandados de prisão temporária, 7 conduções coercitivas, 21 mandados de busca
e apreensão e 36 mandados de sequestro de bens. O diretor Daniel Eugênio dos
Santos da empresa Biotronic, residente em São Paulo, escapuliu de ser preso
porque está em viagem de férias com a família nos Estados Unidos.
Daniel dos Santos tem um antecedente semelhante. O
Ministério Público Federal já o denunciou junto com outros seis empresários e
os médicos Elias Ésber Kanaan e Petrônio Rangel Salvador Júnior do Hospital das
Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), por propinas para
cirurgias de implantes de marcapassos e desfibriladores, entre o período de
2003 e 2008. Chamou atenção o número completamente desproporcional ao do
restante do país e a denúncia afirma que haviam casos desnecessários. Apurou-se
também a compra aparelhos em número maior do que o efetivamente implantado, com
efetivo prejuízo aos cofres públicos.
Este antecedente comprova que as investigações sobre
estes crimes precisam ir muito além de Montes Claros.
Não é só a imprensa oligopólica quem dá pouca
visibilidade a estes delitos. O senador Ronaldo Caiado (DEM-GO), por exemplo,
que é médico (ortopedista) e empresário do setor, em vez de dedicar-se a
perseguir médicos cubanos com proselitismo arcaico do tempo da guerra fria,
deveria se dedicar a legislar e fiscalizar, nas comissões do Senado, estes
malfeitos de sua classe profissional que tanto mal faz ao povo brasileiro.
Comentários
Postar um comentário
comentário no blogspot