A PRISÃO DE BOLSONARO NA HEBRAICA... POR QUE NÃO ACONTECEU?
É inacreditável que Jair Bolsonaro não tenha saído da Hebraica algemado pelos flagrantes e repetidos crimes de ódio cometidos com
tanta convicção e orgulho.
O seu discurso é simplesmente um ultraje à dignidade humana.
É assombroso como alguém com tamanha deficiência moral e intelectual
faça parte da vida política de uma nação.
É ainda mais assombroso que esse mesmo indivíduo, munido de
uma caráter tão medíocre e vergonhoso até para os padrões mais
simplórios da natureza humana, cogite ser (com o também assombroso aval
de muitos) líder maior de uma República que se queira democrática.
Alguém, não sem alguma razão, pode
considerar um exagero e até um certo desrespeito relacionar a ida de
Jair Bolsonaro à Hebraica do Rio de Janeiro com a terrível madrugada de 9
para 10 de novembro de 1938 que ficou marcada na história como a Noite
dos Cristais.
Foi nesta data que em toda a Alemanha e
Áustria protagonizou-se pelos nazistas um violento ataque aos judeus.
Antes que o sol raiasse, residências, lojas e sinagogas estavam
destruídas. Centenas de judeus foram covardemente assassinados ou
levados para campos de concentração.
Guardada suas respectivas proporções, o que se viu na noite
desta segunda (3) na sede do clube judaico foi um massacre à
racionalidade e ao respeito ao ser humano nas suas infindáveis formas de
pensar, agir, crer e se comportar.
O Messias – curioso o seu nome do meio – não economizou na
sua verborragia criminosa forjada no que há de mais racista,
preconceituoso e intolerante na face da terra. Se ainda restava algum
indício de pudor e decência nesse cidadão, a sua palestra deu conta de
exterminar.
O festival de horrores proferidos (não há como não afirmar
que de forma especialmente proposital justamente em virtude do local)
flertaram inequivocamente com o que de pior foi criado e/ou exaltado
pelo nazismo.
Da mesma forma que os nazistas subjugaram todo um povo sob o
execrável “argumento” de pertencerem a uma “raça inferior”, o ilustre
convidado também depôs a favor da “raça” japonesa. Uma “raça”, segundo
ele, “que tem vergonha na cara”.
Ao relatar sua ida a um quilombo, Jair sentenciou que
afrodescendentes não serviriam sequer para “procriar”. Nesse momento só
faltou erguer a mão para o ar e declarar lealdade a Adolf Hitler,
Heinrich Himmler e o seu Lebensborn, o programa nazista de reprodução
forçada que garantiria a herança ariana do Terceiro Reich.
A noite, não tanto quanto a “noite dos cristais”, foi longa.
Todos aqueles que foram julgados inferiores pelo regime nazista, foram
também imperdoavelmente condenados por Bolsonaro.
Negros, índios, quilombolas, homossexuais. Ninguém,
absolutamente ninguém por ele considerado “diferente”, passou pelo crivo
do fascista. Todos esses, segundo a sua opinião, são “vagabundos”
indignos de conviverem em meio à sociedade.
Pela simples condição de mulher, nem a própria filha, Laura
Bolsonaro, foi poupada. Segundo Jair, após a honrada e dignificante
missão de gerar quatro homens, a sua caçula seria fruto de uma
“fraquejada”.
Sem comentários.
Lula, claro, também foi lembrado. Mas exatamente pela sua
deficiência física. Para fascistas, se não for alto, branco, loiro,
hétero e de preferência com olhos azuis, não serve para ser presidente.
É inacreditável que Jair Bolsonaro não tenha saído daquele
lugar algemado pelos flagrantes e repetidos crimes de ódio cometidos com
tanta convicção e orgulho.
O seu discurso é simplesmente um ultraje à dignidade humana.
É assombroso como alguém com tamanha deficiência moral e intelectual
faça parte da vida política de uma nação.
É ainda mais assombroso que esse mesmo indivíduo, munido de
uma caráter tão medíocre e vergonhoso até para os padrões mais
simplórios da natureza humana, cogite ser (com o também assombroso aval
de muitos) líder maior de uma República que se queira democrática.
Que a infeliz decisão da Hebraica em dar voz e vez a um
sujeito desse nível, tenha servido pelo menos para nos alertar o quanto o
nazi-fascismo ainda está presente em nosso cotidiano.
Ao clube Hebraica, se ainda assim quiserem repetir essa
noite de horror, não chamem Jair Bolsonaro, acendam fornalhas. Possui o
mesmo significado mas talvez seja menos indigesto.
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