Lava Jato, integrada por Juízo, Ministério Publico Federal, Polícia e Globo, provocam o desmanche de importantes pedaços da economia nacional
Por André Araújo, no Jornal GGN
De todos os aspectos da Lava Jato, de sua
desconstrução da economia brasileira, da criação de um clima pesado e negativo
que desencoraja novos empreendimentos porque qualquer passo pode ser mal
interpretado e levar à cadeia, o que chama a atenção como tática da operação é o
ilimitado vazamento de informações para servir de base à desmoralização dos
pretensos investigados.
Presos na porta do avião, portanto, em área
fechada e restrita, onde só deveria estar a polícia, a tripulação tem a Globo
fotografando e filmando; as diligências de busca e apreensão também têm a
escolta da Globo. Essa mídia faz parte da Lava Jato, integrada por Juízo,
Ministério Publico Federal, Polícia e Globo.
Em troca
do privilégio, a Globo apoia todo e qualquer aspecto da operação, sem juízo
crítico. O monarca Merval Pereira e as papisas Miriam Leitão, Cristiana Lobo,
Renata Lo Prete e companhia, seguem a onda sem nenhuma crítica ao custo para a
economia, aos atropelos e aspecto cruzadeiro da Lava Jato.
A aliança
entre Globo e esse grupo é antiga. Na operação que levou Daniel Dantas à
prisão, foram incluídos, sem nexo lógico, Naji Nahas e o ex-prefeito Celso
Pitta. O primeiro porque propôs algum negócio a Dantas, e o segundo porque
pediu dinheiro emprestado a Nahas.
Pitta foi
preso às 6 horas na porta de seu apartamento, de pijama, sendo o primeiro da
fila a bater na porta o repórter César Tralli, da Globo, enfiando o microfone
na cara de um Pitta ainda sonolento. Uma cena dantesca: Pitta já doente, com
câncer e sem saber o que estava acontecendo, já deveria dar declarações ao
agressivo Tralli, papagaio de polícia e sempre pronto para tarefas degradantes.
Esse
mesmo Tralli já tinha atacado Pitta em outro episódio, poucos dias antes do fim
de seu mandato. Tralli foi à Prodam, companhia de informática da Prefeitura, e
filmou mesas vazias para mostrar que os funcionários não trabalhavam. Isso foi
usado na campanha da Marta Suplicy para prefeita. Semanas depois, ela então
assume e um de seus primeiros atos foi nomear o pai do Tralli como assessor na
Prodam. Esse é o modelo Globo de parceria.
As mesas
vazias na Prodam eram o resultado de corte de funcionários, e não porque não
trabalhavam, como disse a capciosa reportagem de encomenda.
A Globo
tem pesadas pendências fiscais com a Receita Federal, que ao fim vão cair na
mão do Ministério Publico Federal. Pode ser apenas coincidência, mas a emissora
sabe operar em certas situações complicadas.
O
vazamento de todas as etapas investigativas tem consequências jurídicas. Seu objetivo
é fazer a opinião pública se virar contra os investigados, fazendo o famoso
escracho. Outro objetivo é desmoralizar os investigados perante seus amigos,
funcionários, família e clientes, enfraquecendo sua defesa e seu ânimo.
Na prisão
dos dirigentes da Fifa, em Zurique, não houve escracho. Marin saiu preso sem
mostrar a cara, agindo a Polícia com profissionalismo e imparcialidade.
O
escracho já se tornou tão comum que ninguém mais registra que se trata de
grosseira irregularidade na investigação. A ideia de uma justiça neutra
desapareceu completamente no Brasil. Na Lava Jato, há um grupo operacional de
combate às empresas, ninguém mais sabe onde começa o Juízo, o Ministério
Público e a Polícia. Parece aos olhos de todos uma coisa só, a imparcialidade é
zero e para colocar a cereja no bolo, a Globo aparece como máquina de
propaganda da operação, sempre à coté da execução dos mandados de prisão e
busca e apreensão.
Se está
sempre junto é porque foi avisada com antecedência para preparar as equipes de
reportagem, mas isso é legal?
Na
operação da Justiça é fundamental a lógica das ações e a proporção entre atos e
custos.
Ações de
investigação que destroem grandes empresas não têm paralelo no mundo. A conta
não deve ser menor que um milhão de empregos diretos e indiretos. Só as duas
últimas, Andrade Gutierrez e Odebrecht, controlam por si e subsidiárias 410.000
empregos. Os estaleiros, todos sob ameaça clara de fechamento, têm 46.000
empregos diretos e mais 200.000 indiretos. A Engevix, maior empresa de projetos
do país, tinha 2.000 engenheiros e técnicos; a OAS também era das grandes.
Todas
estão se desfazendo dos ativos, está tudo à venda, aeroportos, usinas
hidrelétricas, eólicas e solar, estaleiros.
O
desmonte está sendo completo. No exterior, grandes ações anti-corrupção contra
Siemens, Alstom, Halliburton, Lockheed, nunca puseram em risco as empresas
porque sempre houve cuidado para mantê-las funcionando e bem, caso contrário,
como pagariam as multas? Aqui estão sendo impostas multas estratosféricas que
jamais serão pagas, serão créditos em massas falidas porque, ao mesmo tempo que
impõe multas de dez vezes o valor das propinas, impedem a empresa de assinar
novos contratos, como então ela pagará a multa?
Na
História não ficará a operação em si, mas a covardia, a abulia, a apatia, a
falta de consciência de país daqueles que assistiram de camarote ao desmanche
de importantes pedaços da economia nacional, no altar de um moralismo tosco e
desligado da realidade econômica em que vive o Brasil de hoje, em profunda e
crescente recessão. Quebrar empresas nessa situação é de uma irresponsabilidade
inacreditável.
De um
amigo que trabalha na Odebrecht: "O ambiente aqui está de velório."
Vocês
conseguiram, o dano é irreparável.
Enquanto
isso, os salários, férias e auxílios de setores improdutivos da economia – como
o congresso nacional, assembleias legislativas e câmaras municipais – estão
garantidos.
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