ENQUANTO UNS PEDEM A VOLTA DA DITADURA, CONHEÇA ALGUNS DOS MILITARES QUE TIVERAM A HONRADEZ DE DIZER "NÃO" EM 64
Sérgio
“Macaco” (1930-1994)
O capitão Sérgio Ribeiro Miranda de Carvalho, também conhecido como Sérgio
“Macaco”, se posicionou contra as orientações dos militares, num episódio do
Gasômetro, na cidade do Rio de Janeiro. Em junho de 1968, foi convocado pelo
brigadeiro João Paulo Burnier, então chefe de gabinete do ministério da
Aeronáutica, para uma reunião com outros integrantes da Primeira Esquadrilha
Aeroterrestre de Salvamento (Para-Sar). O plano de Burnier era que a tropa de
elite da Aeronáutica fosse usada na prática de atos terroristas, com a intenção
de que a culpa recaísse sobre os comunistas. Segundo o brigadeiro, pequenas
cargas de explosivos deveriam ser colocadas em estabelecimentos comerciais e
bancários e na embaixada dos EUA. O plano mais audacioso envolvia a explosão do
Gasômetro e do reservatório de água de Ribeirão das Lajes. Segundo Burnier, as
ações repercutiriam com o apoio da população na “caça aos comunistas”. A recusa
de Sérgio em participar dos atentados custou-lhe a aposentadoria compulsória,
com o Ato Institucional Nº 5 (AI-5), em dezembro de
1968.
Rui Moreira Lima (1919-2013)
Rui Barbosa Moreira Lima foi combatente durante a Segunda Guerra Mundial,
integrando o grupo de aviação de caça da Força Aérea Brasileira. Herói de
guerra e condecorado, negou apoio ao golpe militar de 1964, quando foi cassado
e aposentado compulsoriamente. Durante a ditadura, foi preso três vezes, até
que ele e o filho foram sequestrados pelo regime em 1970. Foi o primeiro
militar a conceder seu depoimento àComissão Nacional da Verdade, em 2012,
o que motivou a criação do grupo de trabalho dedicado exclusivamente a
militares perseguidos pelo regime.
Euryale de Jesus Zerbini (1908-1982)
Euryale de Jesus Zerbini foi um dos generais que não apoiou o golpe militar de
1964. Zerbini, desde o primeiro momento, assumiu a posição dos nacionalistas e
legalistas e, no dia do golpe, com sua tropa, seguiu pelo Vale do Paraíba, no
sentido do Rio de Janeiro. Sua intenção era interceptar as tropas rebeladas.
Entretanto, as adesões ao movimento golpista ganharam mais expressividade, até
que Zerbini e sua tropa foram rendidos, pois já não havia como resistir. Após
esse episódio, Zerbini ficou detido por 45 dias no Forte de Copacabana pelo
general Olympio Mourão Filho e de Carlos Luis Guedes, que haviam partido de
Minas Gerais em direção à capital carioca.
Jefferson Cardim (1912-)
Jefferson Cardim de Alencar Osório é conhecido por ser o líder de um dos
primeiros movimentos armados contra a ditadura. Filho de um oficial da Marinha,
em diversas situações se posicionou contra as orientações do exército. Com o
golpe, a ditadura cassou sua patente e o aposentou depois do Ato Institucional Nº 1 (AI-1).
Quando
ele já estava no Uruguai, por auxílio de João Goulart,
organizou o Movimento 26 de Março, também conhecido como Guerrilha de Três
Passos. Da cidade do Rio Grande do Sul de mesmo nome, o grupo do coronel subiu
em direção ao Paraná. Isso porque, no dia 26 de março de 1965, o presidente
Castelo Branco estaria em Foz do Iguaçu para a inauguração da Ponte da Amizade,
na fronteira entre Brasil e Paraguai.
A
ação foi frustrada pelas tropas do governo, resultando na dispersão e posterior
prisão de todos os insurgentes. Preso e levado a Curitiba (PR), Cardim foi
torturado e ficou detido até 1968, quando conseguiu fugir. Em 1970, foi
sequestrado na Argentina, como uma das primeiras ações da Operação
Condor.
Candido Aragão (1907-1998)
Candido da Costa Aragão ingressou na carreira militar em 1926, passou todas as
graduações militares até que em 1945 chegou ao posto de capitão. Em 1960,
durante o governo Kubitschek, foi promovido a contra-almirante e nos anos
seguintes, chegou ao posto de vice-almirante e comandante geral do Corpo de
Fuzileiros Navais. Mas Aragão teve destaque mesmo durante o governo de João Goulart quando, cumprindo um papel de militar
nacionalista e legalista, apoiou as Reformas de Base do governo.
Com
a consumação do golpe, foi preso e levado à fortaleza de Lajes, onde permaneceu
incomunicável por quatro meses. Por causa dos maus tratos na prisão, ficou cego
de um olho. Com a promulgação do AI-1, teve seus direitos políticos
cassados por dez anos. Alguns meses depois, obteve habeas corpus e se exilou no
Uruguai.
Até
o final da década de 1970, Aragão viveu em inúmeros países. Com a Lei
da Anistia, voltou ao Brasil, mas, ao desembarcar no Rio de
Janeiro em 1979, ficou detido por 50 dias. Finalmente foi absolvido das
acusações em 1981.
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